O Serviço de Imunologia (SIM) completou 40 anos de existência, investindo durante esse período em pesquisas para estudar a resposta imune e aperfeiçoar o diagnóstico e o combate às doenças tropicais e negligenciadas. O SIM foi criado em 1980 pelo professor titular da Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia, Edgar Marcelino de Carvalho Filho, junto com a pesquisadora Olívia Bacellar. O apoio do Professor Heonir Rocha foi fundamental no início, com a cessão de uma das salas do 6º andar desse Hospital. Em 1984, com a concepção do plano piloto do COM-HUPES, o Laboratório de Pesquisa em Imunologia foi elevado para o nível de Serviço de Imunologia, tendo sido coordenado pelo Prof. Edgar Carvalho durante 35 anos, sendo seu atual coordenador o Dr. Paulo Machado. Participaram da fundação e do crescimento do SIM os professores Roberto Badaró, Manoel Barral-Netto e Aldina Barral, além de inúmeros outros professores e pesquisadores ao longo desses 40 anos. Em 1985, vieram às primeiras filiações às corporações nacionais e internacionais de pesquisa, como a Fiocruz (Fundação Osvaldo Cruz), do Rio de Janeiro, Universidade de São Paulo, Centro de Imunologia de Marselha, na França e universidades americanas como a Universidade de Cornell, Universidade da Pensilvânia e a Universidade de Iowa, que possibilitaram o treinamento de vários alunos e pesquisadores baianos nesses centros de excelência. Em 1989, a Organização Mundial de Saúde ofereceu suporte aos projetos da instituição, garantindo o seu fortalecimento financeiro e o aumento das instalações e do número de pesquisadores. Depois deste incentivo, começamos a treinar estudantes e pós-graduandos de outros países em doenças tropicais, constituindo um centro de pesquisa. O SIM é um dos cinco Centros de Pesquisa em Medicina Tropical no mundo financiado há 25 anos ininterruptamente pelo National Institutes of Health, desde 1991. Em 1996 foi reconhecido como um dos principais polos irradiadores da ciência pelo Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) através do Programa de Núcleos de Excelência (PRONEX), e hoje é o núcleo de um dos Institutos de Ciências do Ministério da Ciência e Tecnologia, o Instituto de Ciência e Tecnologia em Doenças Tropicais (INCT-DT). A capacidade de reunir parcerias nacionais e internacionais se reflete na colaboração com pesquisadores de mais de 20 universidades brasileiras, americanas e europeias.
No campo assistencial, o SIM foi pioneiro em estabelecer no COM-HUPES um ambulatório para o diagnóstico e acompanhamento de pacientes com doenças imunológicas. No ano 2000 o Prof. Edgar Carvalho criou o ambulatório multidisciplinar que presta aconselhamento e atendimento a mais de 750 indivíduos infectados pelo vírus linfotrópico das células T humanas tipo 1 (HTLV-1), e o atual coordenador do SIM é responsável há mais de 15 anos pelo Ambulatório de Hanseníase do COM-HUPES, vinculado ao Serviço de Dermatologia. Adicionalmente o SIM coordena e dá suporte ao Centro Nacional de Referência em Leishmanioses situado em Corte de Pedra, no município de Tancredo Neves a cerca de 270 km de Salvador, prestando assistência a mais de 1.200 pacientes com leishmaniose tegumentar americana anualmente, através de viagens quinzenais da sua equipe de pesquisadores e médicos. Nesse posto de saúde já foram diagnosticados e tratados 30.482 pacientes com leishmaniose nestes 40 anos de existência do SIM. Finalmente o SIM dá suporte a mais dois ambulatórios no COM-HUPES, sendo um com ênfase no atendimento de imunodeficiências primárias, e outro de alergia.
A formação de recursos humanos é outra atividade importante, através da orientação de estudantes da área de saúde e de pós-graduação, contribuindo para a formação de novos pesquisadores, a exemplo dos 118 mestres e 84 doutores orientados pelos pesquisadores do SIM até o presente momento.
Atualmente, leishmaniose, infeção pelo HTLV-1, hanseníase, e esquistossomose são os principais alvos de pesquisa porque são doenças endêmicas e negligenciadas de grande incidência na Bahia. Elas recebem atenção especial também porque ainda não há um método de controle eficaz, devido à carência de drogas seguras e efetivas, e da inexistência de vacina. Nestas áreas, a produção de conhecimento através de publicações científicas chega atualmente a 458 artigos publicados, levando também o nome do COM-HUPES e da Universidade Federal da Bahia à comunidade científica nacional e internacional.